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Os quatro grupos gerados pela técnica k-means apresentaram médias distintas entre si, de forma a indicar quatro perfis específicos. Os 4 grupos mostraram um número equilibrado de membros, de forma a indicar uma evidência favorável para a escolha dos grupos, além do critério teórico. O primeiro agrupamento possui 172 alunos, o segundo grupo tem 221 estudantes, terceiro grupo apresenta 132 estudantes e quarto agrupamento possui 154 estudantes. O grupo 1 representa o perfil profundo, com uma média alta na abordagem profunda e uma média baixa na abordagem superficial. O grupo 2 indica o perfil não estratégico, com uma média baixa nas duas abordagens. O grupo 3 mostra o perfil superficial, através de uma média alta na abordagem superficial e uma média baixa na abordagem profunda. O grupo 4 é o perfil estratégico, com uma alta média nas duas abordagens. Do ponto de vista do desempenho escolar em todas as quatro disciplinas analisadas, há uma diferença estatisticamente significativa entre os perfis de estudantes. A ANOVA identificou que em todas as matérias a probabilidade de resultado ao acaso foi menor do que 0,01. O perfil de estudantes profundos, grupo 1 são aqueles com melhor desempenho. O desempenho decresce no perfil não estratégico, grupo 2, decresce mais ainda no perfil superficial, grupo 3, e sobe no perfil de estudantes estratégicos, grupo 4, a ponto de ultrapassar o agrupamento de estudantes não estratégicos, mas não o agrupamento de estudantes profundos. O pólo negativo indica a abordagem superficial e o pólo positivo representa a abordagem profunda. Através dessa escala, foi elaborada a pergunta sobre o que significa o desempenho localizado em pontos próximos à média dessa escala geral. Na medida em que eles não apontam uma forte abordagem profunda ou superficial, foi especulado que eles podem indicar a abordagem estratégica. Os autores propuseram investigar empiricamente esta especulação, através de estudos capazes de verificar se há uma maior facilidade do emprego funcional da abordagem estratégica pelas pessoas com desempenho próximo à média, ou seja, pessoas que não apresentam nem uma forte abordagem profunda ou forte abordagem superficial. De fato, a questão apontada pode ser investigada pela proposta descrita pelos autores. No entanto, é possível tratá-la por um outro caminho. Pode-se comparar, através de escalas específicas para a abordagem profunda e a abordagem superficial, e não através de uma escala geral, se perfis de estudantes mostram diferenças relevantes no rendimento escolar. Essa estratégia é envolvida neste estudo. Ao comparar os quatro grupos presentes neste estudo, pode-se verificar se a hipótese da abordagem estratégica é relevante. Lembrando o postulado estratégico, tem-se que uma maior utilização tanto de comportamentos e motivações profundas quanto superficiais tende a gerar um maior desempenho escolar, na medida em que o estudante tem um leque maior de estratégias variadas, de maneira a poder combinar amplamente essas duas formas de interação com os objetos de conhecimento, maximizando, pois, sua proficiência. Ao comparar o perfil de estudantes profundos e o perfil de estudantes estratégicos, os resultados sugerem evidências desfavoráveis ao postulado estratégico. Os estudantes estratégicos não apresentaram desempenho superior aos estudantes profundos em nenhuma das disciplinas analisadas, ou seja, matemática, português, geografia e história. Isso quer dizer que o perfil de estudantes que possuem o maior arcabouço de comportamentos e motivações superficiais e profundas não possibilitou um melhor rendimento acadêmico. Essa condição contradiz o postulado estratégico, de que a pluralidade e amplitude de ações superficiais e profundas variadas, utilizadas pelo estudante, garantiriam um desempenho melhor. O resultado encontrado, que rejeita a hipótese do postulado estratégico é relevante pelo contexto envolvido. Os 679 participantes do estudo são estudantes de uma escola específica, uma instituição particular de ensino que apresentava, no momento da coleta de dados em 2008, um ensino que pendia mais para o estilo dinâmico, do tipo transmissivo, do que para um ensino do tipo construtivista, focado na interação ativa do sujeito com os objetos de conhecimento. A observação do contexto da escola foi cuidadosamente elaborada. Além da coleta de dados no início do ano relatado, o pesquisador e sua equipe realizaram um projeto de intervenção de um ano e meio na escola, permanecendo semanalmente na escola até meados de 2009. Foram realizadas conversas e entrevistas com vários pais, cerca de 100 alunos, professores, coordenadores de série, supervisores, gestores e o diretor da escola. Isso permitiu uma análise detalhada do contexto escolar, em diferentes escalas de análise, desde a sala de aula nos diferentes níveis de ensino, até o plano da gestão escolar e direção. Do ponto de vista pedagógico, a escola possuía um projeto interessante de fomento do pensamento nas disciplinas de filosofia, mas essa proposta não penetrava a ambiência das outras disciplinas e contextos de aprendizagem, que se estruturavam em uma prática de caráter mais transmissivo. Vários estudantes da sexta série do ensino fundamental à terceira série do ensino médio foram entrevistados (cerca de 100 estudantes) e relataram uma visão de sala de aula focada no professor, assim como uma preferência pelo estilo transmissivo de informação mesclado de um tempo muito curto de diálogo entre um aluno e o professor, mas não entre os alunos ou entre os alunos e o professor. Analisando a ambiência de aprendizagem da escola, poder-se-ia supor com razoável probabilidade de que havia um reforço constante em sala de aula para situações onde as estratégias superficiais e profundas fossem mescladas para um melhor desempenho. No entanto, mesmo neste contexto favorável, o perfil estratégico não superou o perfil profundo, de modo a sugerir uma evidência razoavelmente forte contra o postulado estratégico. Em outras palavras, em uma escola que tipicamente pende mais para o ensino transmissivista, a interação profunda com os objetos de conhecimento é mais efetiva que a interação estratégica. Apesar da análise do postulado estratégico, é também relevante questionar o postulado da abordagem profunda. Esse é um postulado central da teoria das abordagens, diferentemente do postulado estratégico. Enquanto o postulado estratégico é periférico e não traz grandes consequências à teoria das abordagens, o postulado ativo, ou da abordagem profunda, traz grandes consequências se rejeitado. Ele afirma que a interação ativa, profunda do sujeito com os objetos de conhecimento repercute de forma efetiva em uma aprendizagem de melhor qualidade e maior quantidade, em contraposição à interação passiva, superficial. Comparado ao postulado estratégico, o postulado ativo é bem mais difícil de analisar, pois a aprendizagem não se reduz ao rendimento. O rendimento é definido por uma nota anual em cada disciplina e é influenciado tanto pela aprendizagem, como por diversos outros fatores. Dependendo do tipo de atividades que a escola valoriza, a nota escolar anual pode ser mais influenciada pela “decoreba” do que pelo conhecimento. Nesse sentido, não é evidência suficiente para rejeitar o postulado ativo encontrar um desempenho superior de estudantes superficiais em relação a estudantes profundos. No entanto, apesar de não ser suficiente, esse resultado é relevante e mobiliza análises posteriores. Além disso, o seu reverso é suficiente. Se os estudantes profundos apresentam desempenho superior aos estudantes superficiais, esse é um resultado favorável e suficiente para a manutenção do postulado ativo. Os resultados deste estudo apontam para a manutenção do postulado ativo. Na média, o perfil profundo é superior ao perfil superficial de estudantes em todas as disciplinas analisadas. Os estudantes profundos apresentam desempenho igual ou superior a qualquer outro perfil de estudantes em matemática, português, geografia e histórica.