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Benjamin analisa de qual forma as possibilidades trazidas por essas técnicas, em especial, a reprodutibilidade das obras de arte, provocam alterações na produção e recepção da obra de arte e redimensionam o papel desta na sociedade. O principal elemento de seu texto é a tese de a reprodutibilidade técnica provocar a superação do caráter aurático da obra de arte. A autenticidade e unicidade dão lugar à existência serial e à natureza aberta e fragmentária da obra de arte (ARAÚJO, 2010, p. 123). O pesquisador e professor Luís Mauro Sá Martino afirma que “A obra de arte sempre pôde ser reproduzida, porém no século 19, isso era feito de forma muito reduzida” (MARTINO, 2014), por isso a obra que não fosse reproduzida teria o que Walter Benjamin (1936) chama de purismo, ou seja, uma particularidade que a tornava única ou singular. Assim, toda obra de arte teria a sua “aura”, portanto tem sua autenticidade. Quando surge a possibilidade de reprodutibilidade técnica das obras de arte, acontece uma superação do caráter aurático da obra de arte. A autenticidade e unicidade dão lugar à existência serial e à natureza aberta e fragmentária da obra de arte (ARAÚJO, 2010). Imagine você, por um momento, a figura de Walter Benjamin, apresentando este pensamento contrário à padronização aos dos demais pensadores da Escola de Frankfurt. Benjamin entendia que a forma como o cinema estava sendo produzido naquela época, reforçava o conceito da reprodutibilidade técnica, ou seja, aquela obra de arte cinematográfica única poderia ser reproduzida e levada para mais pessoas. Se pensarmos nos dias de hoje, a internet tem exatamente esta mesma característica. Muitos conteúdos originais são reproduzidos e entregues para um volume enorme de pessoas conectadas. Ou ainda, a internet permite que você possa visitar um museu localizado em outro país e apreciar um quadro famoso. Mais ainda, a internet permite que pessoas façam suas próprias criações de filmes, músicas e tantas outras categorias de arte. Com isso, podemos afirmar que a todo momento estamos consumindo produtos culturais. E o acesso a eles também sofreu mudanças. Antes nós íamos até esses produtos e hoje, com o advento da internet, esses produtos chegam até nós por meios de diversos canais, como o próprio celular. Indústria Cultural, alienação e consumo. A cultura de massa está totalmente ligada ao consumo, não podendo ser desconectada dele. Os produtos da cultura de massa são feitos com o objetivo de estimular o consumo. Na indústria cultural, os meios de comunicação se responsabilizaram por ampliar a lógica de que, para ser feliz, é necessário consumir (ALVES, 2019). O conceito de consumo também mudou com o passar dos anos. O ato de consumir não está mais ligado exclusivamente à compra ou a uma transação financeira, mas também está ligado ao uso, ao acesso e às experiências, ou seja, ouvir uma música, ver um vídeo na internet, ler uma notícia ou apenas indicar um livro a um amigo são também ações inseridas na definição de consumo. Do ponto de vista da padronização fomentada pela Indústria Cultural, as experiências de consumo também passam pelo processo de homogeneização gerando esse mesmo efeito nos consumidores. Mas o que isso quer dizer? Bem, se há massificação da cultura e produção de bens que devem agradar a uma grande parcela da população, entende-se que todos devem consumir produtos similares, tendo desejos e comportamentos similares. A lógica do consumo prevê que o indivíduo deve consumir de forma constante. As propagandas são responsáveis por criar o desejo do produto e desempenham o papel de trazer sempre alguma opção “nova” a ser consumida. Na Indústria Cultural, não preza pela qualidade do produto e quase nunca apresenta algo verdadeiramente novo, visto que o consumidor, ainda que espere mais, mostra-se mais suscetível àquilo que já conhece. Adorno e Horkheimer (1947) criticam o consumo do inútil quando dizem que o consumidor tende a receber e aceitar tais conteúdos, baseado na promessa feita pelos produtores de forma intrínseca de que seus desejos serão completamente satisfeitos quando esses produtos forem consumidos. A sociedade em geral estaria em uma lógica de consumo contínuo baseada nas promessas propagandas, que ao final só visam o lucro. Por outro lado, o consumidor está acostumado a esperar por mais destes produtos, tornando-se “refém” desta indústria (LUCAS; PAZ, 2018). A sociedade de consumo é, então, alimentada pelos produtos gerados pela indústria, gerando na população a necessidade de consumidor cada vez mais produtos, informação e ideias. E para propagar essa necessidade, a sociedade de consumo se utiliza dos meios de comunicação. O papel dos meios de comunicação de massa como a TV, o rádio, os jornais e, hoje, a internet, é propagar e vender tudo aquilo que é produzido pela indústria. Para isso, trabalham com a propaganda e anunciam inúmeras promoções, apresentação de novos produtos, oferecem ofertas vinculadas às datas comemorativas a fim de despertar o desejo de compra, estimulando cada vez mais o consumo e como consequência tornando os indivíduos mais alienados, ou seja, sem pensar criticamente se ele precisa realmente daquele produto. Os meios de comunicação de massa, pela capacidade de alcançar uma enorme fatia da população, acabam também por angariar poder. Estamos falando do poder de informar, envolver, vender e até mesmo manipular. Neste sentido, o autor apresenta a seguinte provocação: “ É preciso distinguir quais meios de comunicação possuem poder e que tipo de poder exercem. Não há dúvida de que conglomerados empresariais como as Organizações Globo, no contexto brasileiro, e a News Corporation, de Rudolph Murdoch, no contexto mundial, são exemplos de instituições poderosas, que movimentam enorme quantidade de capital, influenciam comportamentos individuais e coletivos e agem politicamente, defendendo seus próprios interesses e os interesses da sociedade capitalista de modo geral. De forma alguma essas empresas podem ser consideradas como fazendo parte de uma mesma instituição social, com todos aqueles que são produtores de mensagens e utilizam algum tipo de recurso tecnológico. Sobre a discussão do poder dos meios de comunicação, não podemos deixar de lado a internet e principalmente o dispositivo de comunicação e interação: o celular. Com a chegada da internet e dos smartphones conectados, o poder exercido pelos meios de comunicação é deslocado do sofá (quando se assistia ao Jornal Nacional com a família) para as mãos dos usuários. Mas de que poder estamos falando? Essa provocação vai de encontro com o que Adorno e Horkheimer definem como alienação. O conceito de alienação está ligado à indústria cultural, porém, para os pensadores, a alienação é um fenômeno antigo oriundo do entrelaçamento de mito, dominação e trabalho. Para Adorno e Horkheimer (1947, p. 7): O mito converte-se em esclarecimento, e a natureza em mera objectividade. O preço que os homens pagam pelo aumento de seu poder é a alienação daquilo sobre o que exercem o poder. O esclarecimento comporta-se com as coisas como o ditador se comporta com os homens. Este conhece-os na medida em que pode manipulá-los. Bem, a maior parte das nossas atividades cotidianas migraram para os aplicativos de celular, que vão desde as conversas até transações financeiras ou consultas médicas, tornando-nos ainda mais dependentes deste dispositivo. E com isso, segundo Adorno e Horkheimer (1947), seguimos em uma sociedade alienada, dominada, altamente consumista e, por consequência, apresentando patologias psicológicas como depressão. A falsa sensação de satisfação gerada pelo consumo morre na medida que acreditamos que precisamos comprar mais. Para abordar os impactos que a indústria cultural causou no jornalismo e na imprensa brasileira, recorremos à pesquisa da socióloga Gisela Taschner (1987 e 1992) em que ela discute a subordinação do jornalismo na lógica da indústria cultural, tendo como objeto o conglomerado da imprensa conhecido como Grupo Folhas. A pesquisa é descrita no artigo “A subordinação do jornalismo à lógica capitalista da indústria cultura”, de autoria de Virgínia Fonseca, publicado em 2002 na Revista FAMECOS, em que ela compreende que “as notícias, as informações, são concebidas integralmente como mercadorias, não apenas porque são produzidas com o emprego de técnicas próprias da indústria cultural, mas também porque estão sujeitas à sua lógica” (FONSECA, 2002, p. 132). A pesquisa de Taschner descrita por Fonseca (2002) apresenta uma interessante relação entre a empresa (O Estado de S. Paulo) com seu produto, o jornal, este que nas décadas de 60 e 70 ainda não era dominado pela sua empresa. O Estado de São Paulo, ao mesmo tempo em que pretendia construir uma organização sólida, nascia vinculado à luta política, aproximando- se, nesse sentido, do que se poderia chamar de um jornal de causa; ou seja, nascera para defender uma determinada linha editorial, um determinado tipo de conteúdo. Este era o pressuposto. A organização empresarial era o arcabouço material para se realizar o objetivo político. Não era um jornal para dar lucro independentemente do tipo de mensagem que faria (FONSECA, 2002, p. 133). Com o passar dos anos, a notícia se transformou em uma mercadoria lucrativa e também uma ferramenta de manipulação social e política. Tudo que falamos até aqui pode ser analisado no infográfico. Nele você tem um resumo geral dos conceitos da Indústria Cultural e sua relação com a Cultura de massa e o consumo. Todos estes conceitos estão interligados e atuam como uma engrenagem no mercado da comunicação, considerando que o principal objetivo da indústria cultural é a transformação da arte em mercadoria para fins mercadológicos. Isso desencadeia na cultura de massa que consome o que lhe é apresentado de forma padronizada e disseminada para uma grande parcela da população – a audiência.