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Essa ideia vai desde o conteúdo que é produzido até as opções de meios disponíveis. Vamos entender melhor tudo isso. Pense que o consumidor até pode escolher qual estação de rádio vai escutar, mas somente pode escolher dentre as que lhe são disponibilizadas. Se quisesse, na época, escutar músicas ou notícias de rádios de outros países ou em outros idiomas, não teria essa possibilidade. O mesmo acontecia para os jornais, programas de TV e qualquer outro tipo de produção. Por isso se fala na ilusão da liberdade de escolha e da manipulação. Para exemplificar a banalização da barbárie, podemos citar apenas três séries dentre tantas outras, os exemplos: Dexter (2006) que conta a vida de um serial killer; Game of Thrones produzida pela HBO (2011); e a How to get away with murder (2014), em que fica explícito como a indústria cultural utiliza da violência como espetáculo e manipulação com objetivos exclusivamente mercadológicos. Este exemplo vai de encontro com a crítica de Adorno e Horkheimer (1985) sobre a produção do que eles classificam como “lixo cultural”, e que manipula o comportamento sobre a indiferença das pessoas frente à morte e o sofrimento alheio quase como a normalização de atos violentos como instrumento para impressionar a audiência. Você já deve ter escutado que tragédias atraem mais a atenção das pessoas. Essa constatação foi muito bem representada no filme O Abutre (2014) em que o ator e protagonista Jake Gyllenhaal interpreta um homem desempregado que encontra uma oportunidade de ganhar dinheiro com a produção de fotos de assaltos, assassinatos, acidentes trágicos e imagens impactantes das vítimas, que são vendidas para um canal de TV dos EUA. O filme retrata como pessoas como ele e veículos de comunicação de massa sobrevivem da desgraça alheia. E no último exemplo do lazer como consumo, podemos compreender que o lazer também passa a ser uma mercadoria monetizada para geração de riqueza. Veja que o pensamento de Adorno e Horkheimer são válidos desde aquela época até os dias atuais. Os novos meios de produção técnica dos meios de comunicação permitiram a difusão em larga escala da informação a partir da fotografia, TV, rádio, jornal e o cinema. Esta difusão impactou diretamente o consumo, gerando o consumismo. Já entendemos que a indústria cultural transforma a cultura em mercadoria, e que a industrialização de produtos culturais submeteu as produções a certos critérios que tornam obrigatórios os objetivos de suprir as necessidades do consumidor, tornando a cultura um produto consumível e descartável e que tenha potencial de expansão para outros itens consumíveis. Por exemplo: um filme deve ter capacidade de gerar outros itens de consumo para alimentar a indústria de livros, da música, de programas de TV, dos games e várias outras, obedecendo, assim, o princípio de lucro do mercado da comunicação. A industrialização da cultura foi minuciosamente pensada para envolver o consumidor e a sociedade de modo que o que as pessoas vissem no filme fosse um retrato da vida cotidiana. Assim, Adorno e Horkheimer (1985, p. 59) observaram que: O mundo inteiro é forçado a passar pelo filtro da indústria cultural. A velha experiência do espectador de cinema, que percebe a rua como um prolongamento do filme que acabou de ver, porque este pretende ele próprio reproduzir rigorosamente o mundo da percepção quotidiana, tornou-se a norma da produção. Na prática, os autores entenderam que, quanto maior fosse a perfeição com que suas técnicas duplicam os objetos empíricos, mais fácil se reforçaria a ilusão de que o mundo exterior é o prolongamento do mundo apresentado no filme. Adorno e Horkheimer entenderam que a padronização é fundamental para os processos de produção técnica de bens culturais. Produz-se mais do mesmo com a ilusão da diferenciação. O facto de que milhões de pessoas participam dessa indústria imporia métodos de reprodução que, por sua vez, tornam inevitável a disseminação de bens padronizados para a satisfação de necessidades iguais (ADORNO; HORKHEIMER, 1947, p. 57). Vamos aproximar esse ponto aos nossos dias atuais. Para isso, temos como exemplo a produção dos programas BBB da Rede Globo e A Fazenda da Rede Record. Observem que, em ambas as produções, a estrutura e mecânica do jogo são bem similares – apesar do roteiro, cenário e nomes das atividades serem distintas, mas com significados iguais como: líder x fazendeiro ou paredão x roça. Este exemplo vai de encontro com o que Adorno e Horkheimer afirmam: que a iferenciação é uma mera aparência para causar a sensação de concorrência ou mesmo de opção de consumo, visto que alto grau de diferenciação seria inviável no processo de produção: As distinções enfáticas que se fazem entre os filmes das categorias A e B, ou entre as histórias publicadas em revistas de diferentes preços, têm menos a ver com seu conteúdo do que com sua utilidade para a classificação, organização e computação estatística dos consumidores. Para todos algo está previsto; para que ninguém escape, as distinções são acentuadas e difundidas (ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p. 58). Desse modo, reafirma-se a ideia dos autores que “os próprios meios técnicos tendem cada vez mais a se uniformizar”. Para eles, há uma sintetização da televisão, rádio e do cinema a ponto de se chegar a um empobrecimento dos materiais estéticos dos produtos da indústria cultural (ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p. 58). Ok, até aqui entendemos o conceito da Indústria Cultural, mas qual é a relação entre a Indústria Cultural e a Cultura de Massa? Vamos lá: a Cultura de Massa é um produto da indústria cultural e tem como intuito atingir a massa social, ou seja, disseminar produtos culturais para o maior número de pessoas de uma sociedade. Assim, a cultura de massa pode ser compreendida como uma forma de propaganda, meio de divulgação e de venda de tudo o que é produzido pela indústria cultural, fomentando a lógica do consumo capitalista. Voltando ao exemplo dos realities shows, é de conhecimento da audiência (público que consome essa programação) que as pessoas selecionadas para integrar o programa são previamente preparadas a fim de se adequarem ao estilo, formato e ao que o público espera ver. Essa constatação vai de encontro com o entendimento de Adorno e Horkheimer (1947) de que os produtos da Indústria Cultural já são produtos muito antes até mesmo de serem apresentados ao público para o consumo. “Os talentos já pertencem à indústria muito antes de serem apresentados por ela: de outro modo não se integrariam tão fervorosamente” (ADORNO; HORKHEIMER, 1947, p. 57). Nesse sentido, a cultura de massa ou mass media é discutida pela Teoria Crítica que nasceu também na Escola de Frankfurt como uma oposição à tradição racionalista, ou seja, baseia-se na ideia de que o uso da razão em um nível mais extremo não era capaz de gerar mais progresso da sociedade. Assim, a Teoria Crítica chega como uma forma de negação da noção de cultura proposta pelas análises sociológicas tradicionais e pode ser definida, sem profundidade, como o entendimento da diferenciação de “como as coisas são” de “como as coisas deveriam ser”, reforçando a ideia de que os “homens não são meros resultados do processo histórico, mas são também agentes desse processo” (CARNAÚBA, 2010). Não há, então, uma separação entre o indivíduo e a sociedade. Bem, sendo a cultura de massa um produto da indústria cultural, ela estabelece alguns gêneros de produção de cultura como comédias, romances, drama, terror e oferecem à população a partir de uma produção rasa e que leva a um consumo que não exige uma reflexão mais aprofundada do conteúdo. Além disso, a cultura de massa também reproduz alguns estereótipos que, de maneira negativa, inibem a formação do pensamento crítico social, ou seja, não há um estímulo para que as pessoas pensem sobre o que elas acham sobre determinados pontos ou situações da vida. Em contrapartida ao conceito de massificação da produção, e na mesma época da Escola de Frankfurt, não podemos deixar de abordar a Teoria da Reprodutibilidade Técnica de Walter Benjamin (1892-1940). Em sua obra intitulada A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica (1936), ele apresenta o conceito de aura das obras de arte. O que seria a aura de uma obra? Para Walter Benjamin, o conceito de reprodutibilidade (possibilidade de reprodução) de uma obra passa a ser possível a partir, na época, da fotografia e do cinema. Por exemplo, imagine uma fotografia ou desenho do famoso quadro da Mona Lisa (Leonardo da Vinci, 1503) e que essa foto tenha sido enviada por Whatsapp para uma série de pessoas. Neste exemplo hipotético, a obra foi reproduzida inúmeras vezes por pessoas e dispositivos diferentes e disseminada para várias outras pessoas que não estavam presencialmente no museu do Louvre. A imagem abaixo representa muito bem o que falamos, não é mesmo? Há, então, uma infinidade de outras possibilidades de reprodutibilidade da arte e da cultura, por meio de desenhos, grafites, adaptações de livros para filmes e vice-versa, fotografia, a própria pintura, entre tantas outras. Ainda no exemplo do quadro da Mona Lisa, veja a imagem a seguir: Observe que aqui a reprodução é apresentada em forma de desenho, ou seja, uma cópia desenhada do quadro e adaptada aos nossos dias atuais, pois na imagem a Mona Lisa está usando uma máscara no rosto. A análise de Benjamin sobre a aura da obra é abordada por Bráulio Araújo em seu artigo O conceito de aura, de Walter Benjamin, e a indústria cultural em que ele diz: